Os almanaques eram publicações que traziam de tudo, das fases da lua até remédio para unha encravada. Isso aqui é uma versão em pílulas semanais: fatos e curiosidades encontrados na internet e fora dela.
Uri Geller, tornado celebridade por entortar talheres com a força do pensamento na década de 70, foi convidado a se apresentar no popular programa de entrevistas de Johnny Carson, nos EUA, em 1973. Carson, um mágico amador, chamara James Randi, tornado celebridade por desmascarar supostos atos sobrenaturais, para trocar os talheres de Geller por outros comuns antes da gravação, evitando qualquer possibilidade de fraude. Quando chegou a hora de fazer seu show em frente à plateia, Geller não conseguiu.
“Eu não me sinto forte esta noite”, desculpou-se Geller. “Sinto-me pressionado.”
Cena da graphic novel Asterix e o Adivinho (1972), de Goscinny & Uderzo:
Em 2024, lá estava Geller na TV britânica “mandando suas energias” para que o time nacional ganhasse a final da Eurocopa. Perdeu — como previu a maioria dos sites de apostas esportivas.
A história de Frank Abagnale, Jr., o falsário que teria se passado por aviador e médico antes de ser finalmente pego pelo FBI e passado a trabalhar para a lei, foi transformada em filme por Steven Spielberg em 2002 (Prenda-Me Se For Capaz). Aparentemente, esse foi seu maior feito como falsário já que a história contada no filme “baseado em história real” também é falsa.
No Brasil, o estelionato cresceu 360% desde 2018, turbinado pelos golpes digitais. Hoje é muito mais lucrativo que os roubos na rua, que estão em queda.
O presidente norte-americano Joe Biden levou Major e Commander, seus pastores alemães, para a Casa Branca. Em 2021, Major mordeu agentes do Serviço Secreto pelo menos oito vezes, mas a Casa Branca só informou um incidente. A equipe presidencial disse que o animal só precisava de mais treino. Em 2023, Commander mordeu agentes de segurança pelo menos 24 vezes em 9 meses e mandou um para o hospital. Estava sendo superprotetor, disseram. Os Biden mantiveram os cães na Casa Branca apesar de todas as evidências de que os animais não se adaptavam. Depois de muitas mordidas e muita imprensa, os dois cães agressivos foram retirados da Casa Branca — em 2021 e 2023, respectivamente.
Apesar de seu histórico de administração progressista, o octogenário Biden vinha dando sinais de que não estaria mais apto a enfrentar nova campanha presidencial: trocava nomes de autoridades, atrapalhou-se no debate com o adversário, era blindado de entrevistas e aparições públicas por sua equipe. Tinha rancores por ter sido preterido pelo partido nas eleições de 2016 (Hillary Clinton perdeu), e alvo de dúvidas em 2020 (ele ganhou). Seus números encostavam lentamente nos de Donald Trump, mas resistiam a ultrapassá-lo. Desdenhava das pesquisas. A pressão dentro do próprio partido e a desconfiança dos eleitores aumentavam, mas ele não arredava pé. Depois de muita teimosia, a quatro meses das eleições, quando viu pesquisas internas desfavoráveis, finalmente concordou em desistir da reeleição.
Sempre na história daquele país: Biden é o décimo-quarto presidente dos EUA a desistir da reeleição. Foi só o que deixou mais para cima da hora.
Nenhum deles é páreo para o presidente brasileiro Jânio Quadros que, indignado com um Congresso do contra (uma das “forças terríveis” da sua carta de renúncia), abandonou o cargo em 25 de agosto de 1961, crente que voltava nos braços do povo. O povo não lhe cedeu os braços, e o vice João Goulart assumiu no segundo capítulo da longa década de 1960.
Ele é o parente mais feinho do esbelto pepino, mas não se engane! Por trás daqueles espinhos que contribuíram para que também fosse chamado de galinha-arrepiada, o maxixe é uma potência! Tem proteínas, fibras, antioxidantes, e vitamina C. Também é versátil: pode ser comido grelhado ou cozido, e cru em saladas e vinagrete para se aproveitar bem o zinco.
Assim como o arroz com o feijão, o maxixe tem no ovo o seu par perfeito. Dão-se bem numa farofa ou em omelete, mas o bom mesmo é o ensopado, o verdadeiro ratatouille brasileiro — não confundir com a moqueca de ovos com maxixe — com camarão seco dando um toque extra. Se quiser ousar no ensopado, arrisque contrapor o maxixe à textura mais firme da berinjela em rodelas.
Segundos de sabedoria:
Quem faz marcha, sempre alcança.
A boxeadora argelina e embaixadora da Unicef Imane Khelif foi arrastada ao mármore do inferno das redes sociais quando descobriram que ela havia sido desclassificada num campeonato mundial de boxe em 2023 por não ter passado em testes de elegibilidade, ou seja, não estaria adequadas a competir no boxe feminino. A Associação Internacional de Boxe (IBA), que promovera o evento, nunca revelou o motivo ou os detalhes da decisão alegando se tratar de informação pessoal.
Insinuou-se, primeiro, que Khelif era transgênero (falso). Depois, alegaram que tinha altos níveis de testosterona (hiperandrogenismo) causados pela presença de cromossomos XY. Isto a tornaria mais forte e provocaria desvantagem em relação às outras competidoras. A fonte de todas essas alegações foi somente o exame não-divulgado da IBA em 2023.
A diretoria da IBA é dominada pelos russos, assim como grande parte de seu financiamento vem da gigante russa de energia Gazprom. Coincidentemente, a decisão da IBA contra Khelif se deu após a argelina derrotar a até então invicta russa Azalia Amineva. O Comitê Olímpico Internacional barrou a IBA definitivamente da competição olímpica de boxe em 2023 após anos de controvérsias e denúncias de lutas de cartas marcadas, inclusive no Rio em 2016, última participação da IBA no evento olímpico.
Khelif coleciona derrotas cruciais para irlandesas. Em Tóquio 2021, perdeu para a que seria a campeã olímpica, Kellie Harrington, sem polêmica alguma. Em 2022, foi batida no campeonato mundial por Amy Broadhurst, que resumiu o escândalo de agora nestes termos: “O fato de que ela foi derrotada por nove mulheres antes diz tudo.” Não há controvérsia sobre os cromossomos das irlandesas.
Um estudo de 2017, usado como referência para controle de testosterona no atletismo e noutros esportes, coleciona uma série de inconsistências de dados. Mulheres sem cromossomo Y com taxas altas de testosterona costumam ser excluídas dos testes de gênero e testosterona. Embora o hormônio contribua para aumento de massa muscular, a ciência até agora é, na melhor das hipóteses, inconclusiva sobre sua influência positiva no desempenho individual de atletas de elite. O mesmo vale para o desempenho das atletas intersexo (com cromossomo Y).
Assim como a IBA nunca divulgou os exames desclassificatórios de Khelif em 2023, o presidente Jair Bolsonaro recusou-se a divulgar seu cartão de vacina em 2021, e o autoproclamado presidente reeleito da Venezuela Nicolás Maduro reluta em divulgar as atas de urnas das eleições de 2024.
Separados no berço: Rupert Murdoch, o magnata do controverso império jornalístico News Corp. (Fox News, The Sun, The New York Post etc.), e o Imperador Palpatine, da série de filmes Guerra nas Estrelas.


Há oitenta anos, Paula Alquist (Ingrid Bergman) usava a inconstância das lâmpadas a gás (gaslight em inglês) da sua residência para desmascarar o seu suspeito marido (Charles Boyer). Este a atormentava fazendo-a pensar que estava louca para roubar-lhe as joias da tia. Era À Meia Luz (Gaslight, 1944), de George Cukor, adaptado da peça de Patrick Hamilton. Duas décadas depois, nasceria o termo gaslighting para descrever esse tipo criminoso de manipulação psicológica.


“Bebi muita água, então saberemos amanhã se estou doente ou não. Não tem gosto de Coca-Cola ou Sprite, é claro. Enquanto nadava sob a ponte, senti e vi coisas nas quais não deveríamos pensar muito.
A triatleta belga Jolien Vermeylen após prova olímpica nas águas do Sena de 31 de julho de 2024. Ela não ficou doente, mas dias depois, Claire Michel, outra triatleta belga, foi hospitalizada.
Carnaval é uma cachaça, mas daquela bem boa, lá de Paraty.
A carnavalesca multipremiada Rosa Magalhães (1947-2024), responsável por clássicos como Bumbum Praticumbum Prugurundum (1982), da Império Serrano, e pelo encerramento das Olimpíadas de 2016.